Numa série única que temos publicado aqui no blog e que traduz um movimento de valorização das nossas riquezas gaúchas, percorremos de norte a sul a bela região de Campos de Cima da Serra, infelizmente ainda não explorada como merece.

 

No post de hoje, falamos de Pinhal de Serra. Herdeira das culturas ancestrais indígenas, repleta de cenários de tirar fôlego, além de gastronomia farta e variada, esta simpática cidadezinha com menos de 3 mil habitantes oferece ao viajante um local de cultura pulsante, paz e serenidade. Continue a leitura e conheça dicas de visitação para ajudar você a preparar a sua próxima viagem!

 

Um pouquinho de história

A origem do nome de Pinhal da Serra está relacionada a um povoado que remonta ao início do século XX. Segundo o relato dos antigos moradores, a atual localidade em questão era conhecida pelo nome São José dos Tocos, devido à sua grande quantidade de tocos, e pertencia ao município de Vacaria.

Em 1920, os moradores dessas terras, juntamente com os de Serra dos Gregórios, uniram esforços para construir uma capela em honra a São José. Em razão disso e da existência de grande quantidade de pinheiros na área, o povoado passou a ser chamado de São José dos Pinhais. Em 29 de novembro de 1938, a Capela São José também passou a ser chamada de Pinhal da Serra. Após vários anos de luta, o município foi criado então em 17 de abril de 1996, mas só foi instalado em 1.º de janeiro de 2001.

Atualmente, as principais fontes econômicas do município são a agricultura, a pecuária e a produção de energia. Destacam-se as produções de feijão, milho, trigo, o cultivo de soja, a fruticultura e a horticultura.

 

O que visitar em Pinhal da Serra

 

A seguir, preparamos uma lista de lugares e atividades para quem planeja conhecer Pinhal da Serra.

 
Parque Arqueológico do Homem das Araucárias

O Parque Arqueológico do Homem do Planalto das Araucárias, criado em 2016, é composto por floresta subtropical subcaducifólia com araucárias alternadas com campos de gramíneas.

 

Resultante da construção da UHE Barra Grande, o objetivo da criação deste parque foi o de disponibilizar conhecimento produzido em diferentes áreas, especialmente as da Biociências e Geociências, por meio da “realização de exposições temáticas, de vídeos, de palestras, de estudos interdisciplinares e da museologização de sítios arqueológicos a serem abertos à visitação pública e da elaboração de roteiros turísticos ecológicos e culturais”.

 

 

Roteiro Turístico Águas da Natureza

 

Ideal para quem gosta de natureza, este roteiro é uma oportunidade de conhecer as belezas da região e desfrutar de gastronomia típica. No percurso, estão exuberantes cascatas de águas cristalinas, paisagens naturais quase nada exploradas, contato com o artesanato local, enoturismo, trilhas ecológicas e campings ao ar livre. Para agendar o roteiro, entre em contato pelos telefones (54) 8403-8404 e (54) 3584-0250.

 

Festejos Farroupilha

 

Anualmente, no mês de setembro, uma Comissão especial, juntamente com a prefeitura, o CTG, O Piquete de Laçadores do Município e uma escola pública organizam as comemorações da Semana Farroupilha. Os festejos incluem tertúlias, cavalgadas, atividades culturais e apresentações artísticas e um tradicional café campeiro.

 

Bom, por hoje, é tudo! Mas se você não conferiu os demais destinos já percorridos na nossa série sobre as belezas rio-grandenses, esta é uma boa oportunidade: veja o que dissemos sobre Bom Jesus, São José dos Ausentes e Campestre da Serra. E em breve estaremos de volta com mais um destino – para não perder o que está por vir, é só seguir também as nossas redes sociais. Estamos no Facebook e no Instagram.

Até a próxima!

Roder Cypriano

Mateando

O nome do município de Jaquirana é herança indígena e deriva do termo “yaquirana”, que em tupi-guarani significa “cigarra cantadeira”, animal existente na região. A história do local remonta a 1900, quando, durante o desbravamento e a colonização da Serra Gaúcha, ali chegaram colonizadores em busca da madeira, o então chamado de “ouro branco”. Hoje, é cidade é inclusive conhecida como a Capital da Madeira no Rio Grande do Sul.

Jaquirana está situada a 200 km da capital Porto Alegre e possui uma população de cerca de 5 mil habitantes. Com uma topografia caracterizada por montanhas, ondulações, vales, campos e áreas de mata nativa, a cidade propõe ao viajante diversos atrativos para quem gosta de natureza e aventura.

 

Dando continuidade à nossa série dedicada às belezas da região de Campos de Cima da Serra, apresentamos dicas de visitação para quem deseja explorar a região e conhecer as riquezas do nosso estado. Vem com a gente!

 

O que visitar em Jaquirana?

A seguir, preparamos uma lista de lugares e atividades imperdíveis para quem planeja explorar Jaquirana.


Cascata Princesa dos Campos

Situada no Arroio dos Novilhos, na RS 476, esta cachoeira possui paredões de pedras e cascatas com trilhas. No local, há estrutura para camping, trilhas ecológicas, piscinas naturais e um campo de futebol. Há ainda a possibilidade de prática de rapel, para quem possui os equipamentos adequados.

 

Algumas outras cascatas que valem a pena conhecer na região são: Cascata do Venâncios (situada no rio Camisas – acesso pela estrada Cambará-Jaquirana); Cascata do Funil (situada no rio das Antas – acesso pela estrada Boa Vista); e Cascata Invernada de Baixo (situada no arroio Boqueirão – acesso estrada da Boa Vista).

 

Passo do S

Localizado no Parque Estadual do Tainhas a cerca de 10 km da cidade de Jaquirana, este passeio sinuoso (daí o motivo do seu nome) consiste em uma travessia do rio Tainhas por uma trilha que atravessa um jardim de bromélias e de flores de outras espécies. Dá para fazer a travessia até a outra margem de carro, a cavalo ou a pé – são cerca de 230 metros com um percurso demarcado por estacas e uma profundidade de cerca de 10 cm. O passeio termina com a vista para uma queda d’água de aproximadamente 100 m – a Cachoeira do Passo do S. Atenção! O percurso é acidentado e não é aconselhável para carros baixos.

 

Não há custo para visitação, que pode acontecer em qualquer horário do dia. Não há local para alimentação, por isso é aconselhável levar água e alimentos na mochila.

 

Morro da Cruz

Localizado no Morro da Cruz, de onde se pode ver toda a cidade e seus arredores, está o Cristo Redentor de Jaquirana. São cerca de 100 degraus para chegar até ao topo, mas a paisagem vale muito a pena. Neste morro está também instalada a Trincheira da Revolução, com três orifícios escavados na terra, que serviam de esconderijo aos chimangos na Revolução de 1923.

 

Trilhas ecológicas e passeios a cavalo

A cidade de Jaquirana possui diversas trilhas ecológicas, passeios durante os quais pode-se passear por regiões pouco exploradas, desfrutar de ar puro e do canto dos pássaros e de uma fauna e flora extremamente ricas.

Há também empresas que oferecem passeios a cavalo, com durações variadas. No percurso, há paradas para descanso e aperto de encilhas, até a chegada a um canto apropriado para um piquenique, à beira de um rio ou ao pé de uma cachoeira. O passeio geralmente é finalizado em uma fazenda, com pausa para jantar ou pernoite. Consulte o site oficial da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul para obter informações sobre as empresas licenciadas: https://www.turismo.rs.gov.br

Há ainda o atrativo dos pesque-pague – na região há o Pesque-pague Camping Recanto dos Pinhais e Pesque-pague Chácara dos Pinhais.

 

Espaço Cultural Ney Azambuja

Espécie de museu, este espaço relembra os tempos remotos de Jaquirana. Possui peças de porcelana antiga, ouro, prata e bronze. Pelo acervo, é possível reconstituir um pouco da história dos fundadores da cidade. Os objetos pertenceram à poeta Ney Azambuja, moradora de Jaquirana.

 

Onde ficar?

Uma boa opção para quem visita a cidade é ficar na Paradouro Princesa dos Campos, na Estrada Princesa do Campo, a 3 km da estrada asfaltada RS 110. À volta da pousada, há uma cascata entremeio à natureza abundante, ideal para passeios ao ar livre e trilhas.

 

Jaquirana é um local ideal para relaxar e recarregar as baterias. Para não perder pitada da nossa série dedicada a Campos de Cima da Serra, é só seguir as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. Até a nossa próxima!

Roder Cypriano

Mateando

Se você ama o Rio Grande, ama viajar, ama natureza e quer valorizar o seu estado, conhecendo uma região ainda pouco explorada, este post é para você!

Nele, damos continuidade à série única dedicada a Campos de Cima da Serra  e vamos parar a Lagoa Vermelha. Conhecida como a “capital gaúcha do churrasco”, com uma população de cerca de 30 mil pessoas, a cidade é formada por campos, planaltos, mata de Araucárias e montanhas e, por isso, agrada ao viajante que gosta de natureza e aventuras.  Continue a leitura e saiba por que vale a pena visitar esta simpática localidade!

Um pouquinho de história

Lagoa Vermelha é uma cidade centenária. A sua emancipação definitiva de Vacaria aconteceu em 10 de maio de 1881. Desde o séc. XVI, o território foi ocupado com gado, trazido pelos jesuítas. O caminho onde hoje se localiza a cidade foi aberto entre 1734 e 1736 e constituía parte da rota de tropeiros vindos de diversos pontos do estado.

Esses pioneiros paravam em Lagoa Vermelha para descansar antes de prosseguir viagem. Antes disso, os índios foram os primeiros habitantes da região e representavam vários ramos da tribo guarani. Já no séc. XIX, chegaram os imigrantes italianos, alemães e poloneses.

Uma lenda frequentemente associada à cidade relatava que, na época das Missões e Reduções Jesuíticas, padres perseguidos por mamelucos, procuraram esconder o seu gado e demais riquezas. Numa certa ocasião, quando estavam na iminência de serem alcançados, lançaram seus muares carregados dentro de uma lagoa que existia na região. Os animais submergiram e acabaram morrendo, e as águas se tornaram de uma cor vermelho amarelada, que nunca mudou de tom, que nunca alterou seu volume e que lembra o ouro.  Dessa lenda, resultou o atual nome da cidade.

O que visitar em Lagoa Vermelha

A seguir, preparamos uma lista de lugares e atividades para quem planeja conhecer Lagoa Vermelha.

 

Trilhas, passeios e cicloturismo

 

Como dissemos, Lagoa Vermelha está localizada em uma área privilegiada com belas paisagens naturais. Há roteiros que podem ser percorridos de diversas formas, seja caminhando ou por meio de bicicleta, jeep ou a cavalo.  Matas pouco exploradas, ar puro, formações montanhosas, rios e cachoeiras encantarão todos os visitantes.

Localizada a cerca de 30 km do centro de Lagoa Vermelha, a Cascata do Rio Inhandava é um dos destaques, sendo local apropriado para lazer e camping. O rio em questão é o mais volumoso e importante rio do município, abrigando uma cachoeira que movimentou a primeira usina do local, hoje desativada.

Para contratar um guia local, sugerimos entrar em contato com a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto nos telefones 54 3358-9144 / 3358-3914.

Parque da Lagoa

Neste parque, está situada a famosa lagoa que deu origem ao nome do município, conforme relatamos anteriormente. O acesso ao parque é livre.

 

Festa Nacional do Churrasco

A Festa Nacional do Churrasco acontece bianualmente (em anos ímpares) no CTG Alexandre Pato, nos meses de janeiro e fevereiro, e é promovida simultaneamente com um rodeio internacional. Essas duas festas representam a preservação de alguns dos hábitos mais cultivados e conhecidos do Rio Grande do Sul.

A posição geográfica, a altitude, o clima e a pastagem dos campos de Lagoa Vermelha são propícios para que a carne local seja a mais saborosa do Brasil. “A excelente qualidade da carne, o corte incomparável, a tradição no preparo e o tempero singular” são diferenciais da carne servida no evento, segundo o site oficial da cidade. Para além de diversos tipos de churrasco, durante os dias de evento, há mostras de fotografia, comida e doces campeiros, além de shows e atrações culturais da região.

CTG Alexandre Pato

No Centro de Tradições Gaúchas Alexandre Pato é que se realizam as duas festas mais importantes da cidade, conforme relatamos no item anterior. O Centro é uma das maiores entidades tradicionalistas da região sul e realiza também as festas da Comida Campeira e Mostra do Doce Campeiro.

Igreja Matriz São Paulo

Esta igreja foi construída nos anos de 1951 a 1956, em homenagem ao padroeiro do município, São Paulo Apóstolo. É um belo monumento arquitetônico, principalmente no seu interior, decorado com pinturas de Emilio Zanon e vitrais vindos da França, retratando imagens da vida dos Santos. Em seu entorno, há uma pequena praça com bancos e árvores.

Bica Nossa Senhora Consoladora

Este é hoje um local de devoção e fé, que contempla no seu interior um pequeno bosque e uma gruta com a imagem de Nossa Senhora Consoladora. Inúmeros devotos visitam a bica para fazer pedidos ou agradecimentos.

Como chegar a Lagoa Vermelha

A cidade está localizada a 280 km da capital Porto Alegre. Partindo de lá, as vias de acesso são a BR 285 e a BR/RS 470. A passagem de ônibus entre as cidades custa em torno de R$ 70-80.

Bom, por hoje, é tudo! Mas se você não conferiu os demais destinos já percorridos na nossa série sobre as belezas rio-grandenses, esta é uma boa oportunidade: veja o que dissemos sobre Bom Jesus, São José dos Ausentes e Campestre da Serra. E em breve estaremos de volta com mais um destino – para não perder o que está por vir, é só seguir também as nossas redes sociais. Estamos no Facebook e no Instagram.

Até a próxima!

Roder Cypriano

Mateando

Liberdade, igualdade e humanidade. Esses são os valores exaltados durante a Semana Farroupilha, a celebração que tem por objetivo cultuar as tradições gaúchas e homenagear os líderes da Revolução Farroupilha.

Tão importante que é regulado por uma lei estadual e regulamentada por um decreto, o evento mobiliza todo o estado do Rio Grande do Sul, por meio de iniciativas da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição, do Movimento Tradicionalista Gaúcho, do setor público e também do comércio e das indústrias. Anualmente, as celebrações se estendem do dia 13 de setembro até por volta do 20 do mesmo mês, data que marca o início da Revolução Farroupilha.

Relembrar o passado é também uma forma de mantermos vivas as nossas tradições. Por isso, no post de hoje, evocamos os eventos históricos que deram origem a essa tão importante celebração do nosso estado e mostramos como a festança aconteça de norte a sul do Rio Grande. Continue a leitura e saiba mais!

Um pouco de história

A Revolução Farroupilha é um momento histórico muito importante não só para o sul, mas para todo o Brasil. Trata-se do mais longo e um dos mais centrais movimento de revolta civil do país, que durou de 1835 a 1845.

Podemos dizer que a origem dessa revolta remonta especialmente a 1821, quando o governo central passou cobrar taxas pesadas sobre a circulação de produtos rio-grandenses, como charque, erva-mate, couros, sebo e graxa. Além disso, aumentou a taxa de importação do sal, insumo importante para a fabricação do charque, principal produto comercializado pelo estado. Essas medidas do governo foram aumentando a insatisfação das elites locais.

Inspirados por ideias republicanos e liderando homens armados, no amanhecer do dia 20 de setembro de 1835, os militares Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre e declararam a separação do território brasileiro e a formação da República Rio-grandense. A esse dia, sucedeu-se uma longa série de acontecimentos e confrontos, que contaram também com a participação de escravizados e negros libertos e tiveram como protagonistas nomes como Bento Gonçalves, David Canabarro e Giuseppe Garibaldi.

A revolta terminou oficialmente com um acordo firmado entre o governo e os farroupilhas, garantindo, entre outras ações, taxação em 25% sobre o charque estrangeiro e a anistia para os revolucionários.

A primeira Semana Farroupilha

Em 1947, o estudante João Carlos D’Ávila Paixão Côrtesu e um grupo de amigos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, resolveu criar um Departamento de Tradições Gaúchas, com o objetivo de preservar e promover as tradições gaúchas que estavam esquecidas. Sendo assim, procuram o Major Darcy Vignolli, então responsável pela organização das festividades da “Semana da Pátria”, e expressam o desejo de participar dos festejos. Então, propuseram a retirada de uma centelha do Fogo Simbólico da Pátria para transformá-la em “Chama Crioula”, que seria o símbolo da união indissolúvel do Rio Grande ao Brasil.

O major convidou Paixão Côrtes para montar uma guarda de gaúchos pilchados tradicionalmente em honra ao herói farrapo David Canabarro. O estudante reuniu ao todo oito homens, que ficaram conhecidos como “Grupo dos Oito” ou “Piquete da Tradição”. Eles conduziram as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul e do Colégio Estadual Julio de Castilhos e retiraram a centelha que originou a primeira “Chama Crioula” e que ardeu em um candeeiro crioulo até a meia noite do dia 20 de setembro, quando foi extinta durante a realização de um baile tradicional gaúcho.

Essa pode ser tida como a primeira Semana Farroupilha. Anos mais tarde, já na Ditadura Militar, em 11 de dezembro de 1964, a Lei nº 4.850 oficializou os festejos. Essa lei foi depois alterada pela Lei n.º 8.715, de 11 de outubro de 1988 e regulamentada por decreto. O texto legal dispõe que a Semana Farroupilha celebra e homenageia a “memória dos heróis farrapos”.

As comemorações

São diversas as formas de comemoração da Semana Farroupilha. Churrascos, rodas de chimarrão, músicas, danças, comidas típicas, pilchadas, rodeio, competições de laço, rédeas, gineteadas, venda de produtos nativistas e projetos culturais marcam as atividades, que se estendem por mais de 30 regiões do Rio Grande do Sul e atraem anualmente um público estimado em mais de 1 milhão de pessoas.

O tradicional costelão no chão é um dos destaques da festa. As costelas bovinas são assadas à moda campeira, em fogo de chão. Temperadas com antecedência, elas vão para o fogo às 07 da manhã e só são retiradas por volta das 13h. Há também os tradicionais desfiles nas ruas rio-grandenses, em que as moças envergam vestidos de prenda e os homens vão de bombacha, lenço, guaiaca e chapéu.

Neste ano de 2019, o Movimento Tradicionalista Gaúcho escolheu como tema dos festejos farroupilhas o mote “Vida e Obra de Paixão Côrtes”, que faleceu em agosto de 2018. A programação completa pode ser encontrada aqui.

Bom, por hoje, é tudo! Desejamos aos gaúchos de todas as querências uma excelente comemoração da Semana Farroupilha. Ah, e já sabe: para não perder os nosso próximos conteúdos sobre a cultura rio-grandense, é só seguir também as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. Até o próximo post!

Roder Cypriano

Mateando

“Se queres ser universal, começa por cantar a tua aldeia”. O conselho é do escritor russo Leon Tolstói e, embora envolva um aparente contrassenso, torna-se facilmente compreensível se levarmos em conta que as nossas origens são algo que diz respeito a todos os seres humanos, sem exceção. De fato, a ligação ao nosso “cantinho primeiro no mundo” resgata relações únicas com a nossa identidade, cultura e valores próprios – uma experiência universal, pois todos viemos de algum lugar ou possuímos uma relação especial com algum local específico.

 

Podemos, então, atualizar a frase de Tolstói para dizer: “se queres ser universal, começa por conhecer a tua aldeia”. É o que propomos numa série de posts que a Mateando irá dedicar a lugares recônditos do Rio Grande do Sul.

 

Exploramos a bela região de Campos de Cima da Serra, uma das riquezas do nosso estado. Faremos uma viagem por algumas das principais cidades que integram a região – Bom Jesus, Cambará do Sul, Campestre da Serra, Esmeralda, Ipê, Jaquirana, Lagoa Vermelha, Monte Alegre dos Campos, Muitos Capões, Pinhal da Serra, São Francisco de Paula, São José dos Ausentes e Vacaria.

 

No post de hoje, mostramos um pouco da história, das atrações e das belezas de Campos de Cima da Serra. Conheça ainda dicas de visitação para desfrutar do que de melhor a região tem para oferecer.

 

Localização

Comecemos por alguns dados objetos de contextualização geográfica. Campos de Cima da Serra, que também é conhecida como “Campos de Vacaria”, está localizada a 200 km da capital, no extremo nordeste do Rio Grande do Sul, bem ali na divisa com Santa Catarina. A região ocupa uma área total é de 21.033 km² – onde cabem cerca de 42 vezes a cidade de Porto Alegre. Julho é o mês mais frio e janeiro é o mês mais quente, sendo que a temperatura média mensal varia de 11,4ºC a 22,1ºC.

 

As paisagens de Campos de Cima da Serra tornam a região uma das mais belas do estado, ideal para o ecoturismo. Vamos conhecer, a seguir, algumas das cidades que a integram e dicas do que explorar em cada uma dessas localidades.

 

Bom Jesus

Fundada em 1878, a cidade de cerca de 11 mil habitantes possui como pontos turísticos a Cachoeira da Usina e a Rota das Cascatas, perfeitos para quem gosta de natureza e caminhadas ao ar livre com cenários de impacto e beleza.

 

Campestre da Serra 

Neste município de menos de 4 mil habitantes, está localizada a Ponte do Korff, patrimônio histórico do Rio Grande desde 2006. Essa ponte metálica, inaugurada no ano de 1907, foi construída com assoalho de madeira e pilares de pedra, feitos com rebites, ou seja, sem parafusos. A ponte era usada por tropeiros em suas viagens e, portanto, representa um período importante da história local.

 

Esmeralda

Para além das paisagens naturais, o Memorial José Mendes é um dos atrativos da cidade. O museu, localizado em um prédio construído na forma de um violão, foi inaugurado em 2004 e conta a trajetória de José Mendes, cantor, violonista e compositor de música regional gaúcha.

 

Ipê

Hoje Capital Nacional da Agricultura Ecológica, Ipê tem uma história que remonta ao final do século XIX, com a passagem de imigrantes lusos e tropeiros pelo município. Região extremamente rica em cachoeiras, grutas e outras belezas naturais, é ideal para quem gosta de aventuras, rappel, escaladas e passeios ao ar livre.

 

Jaquirana

O Morro do Cristo é um dos atrativos da cidade, sendo o local que serviu de abrigo subterrâneo utilizado pelos revolucionários de 1923. O famoso Passo do S é a travessia do rio Tainhas, com trilha que incluiu um belo jardim de bromélias e outras espécies de plantas.

 

Lagoa Vermelha

Com cerca de 29 mil habitantes, Lagoa Vermelha está situado em uma região privilegiada, com belas paisagens naturais que são palco ideal para caminhadas, trilhas de bicicleta e cavalgadas. O parque da Lagoa, que deu nome ao município, é um dos destaques.

 

Monte Alegre dos Campos

A cada dois anos, o município realiza a Festa Municipal da Uva, de projeção nacional. O Penhasco dos Macacos Brancos um espaço ecológico com ampla área natural, trilhas, quedas d’água, penhascos, fauna e flora típica da região, além de cavernas e grutas.

 

Muitos Capões

Pequeno município que abriga a reserva ecológica de Aracuri-Esmeralda. Com uma área de 277 há, a reserva protege espécies ameaçadas de extinção como o papagaio-charão e a gralha azul e é apresenta uma flora extremamente rica, com espécies típicas da região.

 

Pinhal da Serra

Município rico em belezas naturais, ideal para quem aprecia cascatas e trilhas ecológicas. Destacam-se o Parque Arqueológico e a Usina Hidrelétrica Barra Grande. Anualmente, há campeonatos de tiro de laço que atrem laçadores, apreciadores e visitantes. Em setembro, a cidade se põe em festa para comemorar a Semana Farroupilha.

 

São Francisco de Paula

Ideal para quem deseja curtir a Serra Gaúcha, mas quer fugir da obviedade. A Trilha das Oito Cachoeiras e o Parque das Cascatas são os destaques. Na região central, é possível comprar artigo de couro, especialidade da região.

 

São José dos Ausentes

Conhecida como a cidade mais fria do Rio Grande, nela fica o ponto mais alto do estado, o Pico Monte Negro. Oito cânions, rios e cachoeiras compõem um cenário de grande beleza cênica.

 

Vacaria

Maior produtor nacional de maçã, no município acontece o maior evento tradicionalista da América Latina, o Rodeio Crioulo Internacional de Vacaria. As paisagens naturais, espalhadas por fazendas e parques, são destaques da região. Há ainda o Museu Municipal, que apresenta mais de 600 peças representativas da cultura e da tradição da região.

 

Aparados da Serra: os cânions gaúchos

Não à toa conhecida como a “Terra dos Cânions”, a cidade de Cambara do Sul é o ponto de referência para uma extensa cadeia de cerca de 250 km de bordas, com dezenas de cânions que se estendem até Santa Catarina, perfazendo o maior conjunto de formações do gênero de toda a América do Sul.

 

Essas formações recebem o nome de Aparados da Serra e proporcionam ao viajante uma experiência incrível, em meio a um cenário monumental e impactante. Fendas profundas, planícies elevadas, cachoeiras e paredões verticais de até 900 metros, formações de pura rocha basáltica com mais de 100 milhões de anos, tudo recortado pelas águas calmas dos rios: Aparados é de cortar a respiração.

 

Para os amantes da aventura, sugerimos duas trilhas na região, uma fácil e outra mais difícil:

 

Trilha do Vértice: Com baixo grau de dificuldade e cerca de 6 km de extensão (contando ida e volta), esta trilha é perfeita para iniciantes que querem conhecer a região e desfrutar de belas paisagens, mas ainda não têm fôlego para percursos maiores. No caminho, predomina a mata de araucária e há também mirantes em diferentes pontos de observação do cânion. A paisagem é de tirar o fôlego.

 

Trilha do Rio do Boi: Com alto grau de dificuldade, fica a 44 km de Cambará do Sul, dentro no Parque Nacional Aparados da Serra, mais precisamente no Cânion Itaimbezinho. São cerca de 10 km de extensão. A caminhada começa em área plana e às margens do rio e vai ficando mais sinuosa e difícil, com travessias pelas águas. O viajante se imbrica na mata e, em certas alturas, fica rodeado por com paredões rochosos com até 700 metros de altura. O visual incrível compensa todo o esforço.

 

Para percorrer as estradas de chão que ligam os parques de Aparados da Serra, aconselha-se o uso de veículos de terceiros, como os transfers de agências especializadas. Isso por que as estradas são bastante acidentadas e repletas de buracos e não apropriadas para veículos de asfalto.

 

Tradição e história

Além das paisagens incríveis e do solo fértil, Campos de Cima da Serra é uma região com uma história e uma cultura muito ricas. Os primeiros habitantes foram os índios, que deixaram vestígios em casas subterrâneas e em objetos encontrados em escavações. Ainda assim, hoje predomina a cultura dos tropeiros, gaúchos que atravessavam o país comercializando animais e produtos.

 

Em Campos de Cima da Serra, os corredores por onde passavam as tropas de mulas desses viajantes estão sendo transformados em rotas para o turismo. As construções em estilo colonial português, feitas em madeira, e os extensos mangueirões de pedras que cortam campos são testemunhos dessa herança.

 

Na culinária, o viajante desfruta de comidas campeiras, com o pinhão, o charque, a abóbora, a mandioca, o churrasco e sobremesas de origem portuguesa, como o doce de gila.

 

Onde ficar

A hospedagem em Campos de Cima da Serra depende muito da cidade onde o viajante queira assentar pouso. Além dos tradicionais hotéis, há chalés e pousadas dentro de fazendas, onde é possível se sentir em casa, desfrutando de comida caseira e de um chimarrão com pinhão cozido depois de um dia de trilhas.

 

A Pousada do Engenho, em São Francisco de Paula, é especializada no atendimento a casais. Ao todo, oferece 14 cabanas, além de uma casa na árvore com um minirrestaurante, construído sobre uma enorme canela preta, onde apenas um casal é atendido por vez. Há também um spa e passeios e turismo ecológico organizados pelo estabelecimento. 

 

Viajar por Campos de Cima da Serra é conhecer parte da essência do povo rio-grandense e percorrer paisagens únicas e ainda pouco exploradas.  Quem visita sente-se logo em casa e descobre como a simples combinação da natureza e da hospitalidade humana podem tornar uma região inteira tão inesquecível.

 

Bom, por hoje, é tudo, mas a nossa série sobre as belezas rio-grandenses está só começando. Se você procura por algo diferente para uma aventura de fim de semana ou mesmo se vem de longe e quer conhecer regiões ainda pouco exploradas, mas dotadas de uma riqueza cênica e cultural únicas, esta série é para você. Para não querer nada, é só seguir também as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. Até a próxima!

Roder Cypriano

Mateando

Chimango ou Maragato? Diz-me que lenço usas e dir-te-ei quem és! Pelo menos, lá pelo final do séc. XIX era assim: o lenço usado nas plagas rio-grandenses servia para distinguir duas fações políticas com ideias opostas. Cada um desses grupos defendia formas diferentes de governar o Sul do país no contexto pós-independência de Portugal, o que acabou dando origem à famosa Revolução Federalista (1893-1895), uma luta para conquistar maior autonomia para o Rio Grande do Sul em relação à recém-proclamada República brasileira. 

 

Nessa época da Revolução Federalista, os Chimangos, que apoiavam o governo central, usavam o lenço braço, e os Maragatos, contrários à política exercida pelo governo federal, exibiam o lenço vermelho. Uma terceira cor era também utilizada: o preto, que indicava uma pessoa que passava por um período de luto.  

 

Contudo, é importante referir que muito antes do século XIX essa peça indumentária já tinha tradição em terras gaúchas. Na época das missões jesuíticas, os tecidos foram introduzidos na região e usados na fabricação de roupas, substituindo progressivamente os couros usados pelos índios. Com algumas tiras que sobravam da costura das peças essenciais, as pessoas prendiam os cabelos, afastando-os da região dos olhos, para que não atrapalhassem as caçadas e outras atividades. Alguns ainda usavam os cabelos puxados para trás, amarrado por um pedaço de tecido. Essa faixa na cabeça era denominada de “vincha”. 

 

Com o passar do tempo e o início do corte dos cabelos, essa moda deixou de ter utilidade. O pedaço de pano desceu, então, da cabeça para o pescoço e foi se popularizando progressivamente. Portanto, o lenço não surgiu como um adorno, mas, sim, como uma forma de dar serventia à vincha. 

 

Hoje, já felizmente em tempos de paz, a peça continua a estar presente na pilcha, a tradicional vestimenta do gaúcho, ocupando um lugar de prestígio e de destaque, de acordo com as regras instituídas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Novas cores ganharam lugar para além do branco e do vermelho e o nó dado de diferentes maneiras ganhou diferentes simbologias. 

 

Para você que não quer fazer feio na hora de arrematar a pilcha com um toque de capricho, reunimos neste post tudo o que você precisa saber para acertar na hora de escolher o lenço e o nó da sua preferência.  Continue a leitura e fiquei por dentro de tudo! 

 

Tudo o que você precisa saber sobre o lenço 

 

Segundo o MTG,  as cores permitidas para os lenços feminino e masculino são vermelho, branco, azul, verde, amarelo, carijó, marrom e cinza. Normalmente, os lenços para adultos têm até um metro quadrado. É sempre aconselhado usar o lenço inteiro, embora muitos optem por cortá-lo ao meio, para que não fique delgado demais. Contudo, há que se ter cuidado com essa prática para que a peça não seja confundida com uma tira ou uma fita, o que não é reconhecido pelo MTG.  

 

Os pacholas devem ter especial atenção ao tamanho dos nós, respeitando a medida máximo de 25cm a partir deste; se optar pelo uso do passador de lenço, a medida pode ser até 30 cm a partir deste. Os passadores são permitidos apenas nos materiais à base de metal, couro ou osso. 

 

Abaixo, vejamos em detalhe os principais tipos des. 

 

– Republicano 

Também chamado de farroupilha” ou “crucifixo”, é usado em lenços de cores vermelha, colorada, verde, preta e preto-branca. No centro, aparece o nó farroupilha e dos lados escapam dois braços, como de uma cruz – daí também o nome “crucifixo”. Uma vez que este é considerado por muitos um dos mais belos tipos de nós gaúchos – e também um dos mais difíceis de fazer, abaixo segue a descrição passo a passo para ele: 

 

– Enrole o lenço e coloque-o à volta do pescoço; 

– Pegue uma das extremidades e faça um movimento como quem vai dar um nó, mas deixando espaço livre; 

– Pegue a outra extremidade e passe-a por dentro desse espaço; 

– Com essa mesma extremidade, faça o mesmo movimento do lado oposto, como quem vai completar um novo nó; 

– Pegue as duas partes dos nós formados e cruze-os, puxando as extremidades.  

– Faça os ajustes necessários e, pronto! eis o nó farroupilha. 

 

Segundo simples ou à moda Chimango   

Laço à moda Chimango

Este nó também pode ser dado em lenços nas cores: azul-claro, azul-escuro, verde, amarelo, branco, preto, preto-branco, verde-claro, bege, marrom, vermelho-branco, bicolor e multicor.

 

Quatro cantos, rapadura ou à moda Maragato 

Aceita-se este nó também em lenços vermelhos, colorados, pretos e preto-brancos.

Pachola

Laço Pachola

Possui duas posições, destro e canhoto, identificando, assim, o peão que o usa. Pode ser usado em lenços de todas as cores, exceto em preto e preto e branco.  

Namorado

Laço Namorando

Possui três posições dependendo de quanto os nós são afastados. São elas: apaixonado, se o nó estiver apertado; querendão, se houver espaço entre os nós; e livre, se o espaço se alargar. Pode ser usado em lenços de todas as cores. 

É importante referir que, muitas vezes por falta de conhecimento, os pacholas optam por usar lenços pequenos e com estampas coloridas, dando, de fato, a impressão de que estão usando echarpes. Muitas mulheres usam uma fita fina no pescoço ou mesmo envergam a peça na cabeça. Essas práticas não são corretas. 

O MTG chama a atenção para o fato de que a pilcha não é uma fantasia repleta de itens sem significado. Cada componente da indumentária gaúcha tem uma razão de ser por força da tradição e da história, o que é preciso respeitar. Um lenço esvoaçando ao vento é mais do que peça de vestuário; é uma marca registrada da cultura de todo um povo, é “relíquia de um tempo, herança dos ancestrais”, conforme cantou o poeta Antônio Francisco de Paula. Assim, escolha o seu nó preferido e siga as nossas dicas que você irá fazer bonito.  

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Fonte das imagens:  

https://bit.ly/2WZGkxY. Acesso em: 09 abr. 2019. 

https://bit.ly/2KnxuJi. Acesso em: 09 abr. 2019. 

Foto exclusiva de FagnerAlmeida 

 

Mateando 

“Rainha do pampa, / tens na divina estampa / Um quê de nobre e altivo. / És perfume, és lenitivo / Que nos encanta e suaviza / E num minuto escraviza / O índio mais primitivo!. Assim homenageou Jayme Caetano Braun a mulher gaúcha, a quem também chamou de “pampeana sereia” e “prenda bravia”.  

 

A palavra prenda”, hoje tão comumente utilizada no vocabulário tradicional gaúcho, é muito provável que tenha sido trazida ao Rio Grande do Sul pelos portugueses dos Açores, no início do séc. XX. Nesse arquipélago lusitano, existia uma cantiga de tirana com o seguinte refrão:Tirana, atira, tirana, / Vem a mim, tira-me a vida: / A prenda que eu mais amava / Já de mim foi suspendida. A designação teria sido aos poucos incorporada ao vocabulário local, evocando os sentidos de dádiva, presente, joia preciosa, algo que agrada e alegra alguém. O termo faz referência, portanto, a um conjunto de características comumente associadas à mulher, seja em relação aos traços de carácter, seja na própria forma de vestir. 

 

É que, como vimos no último post, no contexto das tradições gaúchas, a indumentária é uma forma de expressão da cultura do Rio Grande do Sul, refletindo o modo de vida de todo um povo ao longo dos tempos. Em reconhecimento a essa importância, os trajes tradicionais rio-grandenses são mesmo objeto de uma lei estadual, datada de 1989, que oficializa como traje de honra e de uso preferencial a indumentária denominada de “pilcha gaúcha” ou apenas “pilcha”. 

 

O post de hoje é precisamente dedicado ao tópico das vestimentas tradicionais de uma “pampeana sereia”. Nele, mostraremos tudo o que é preciso saber para quem quer fazer bonito no CTG com o traje da prenda, tudo de acordo com os ditames do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Continue a leitura e fique por dentro! 

 

Primeiro, algumas dicas importantes 

 

– Aplicam-se à prenda as mesmas regras gerais que referimos para o peão no nosso último post – não deixe de conferir esse artigo na íntegra clicando aqui. Assim, é importante usar o bom senso e respeitar as identidades de cada época, atentando para a mensagem proposta pelo vestuário. É oportuno relembrar que, historicamente, a indumentária gaúcha pode ser dividida em quatro fases: Chiripá primitivo (1730-1820), Braga (1730-1820), Chiripá farroupilha (1820-1865) e Bombacha (1865 até dias atuais). Itens de diferentes épocas não devem ser misturados. Além disso, é necessário pilchar-se conforme o bolso manda; pilchar-se conforme o clima manda; e pilchar-se conforme o ambiente ao qual se vai. 

 

– Nas apresentações artísticas, o traje feminino deve representar a mesma classe social e a mesma época retratada na indumentária do seu par, o peão. 

 

– Os cabelos da prenda podem estar soltos, presos, semipresos ou em tranças. Para prendas adultas e veteranas, é permitido também o coque. São admitidos os enfeites com flores naturais ou artificiais e pequenos passadores, mas itens como os brilhos, as purpurinas e as peças de plástico são desencorajados.  

 

– A maquiagem deve ser discreta, de acordo com a idade e o momento social. 

 

– As joias também devem ser discretas e estar de acordo com a idade, a classe social e o momento histórico. São permitidas pedras discretas e pérolas nas cores nas cores branco, rosado, creme e champanhe. 

 

Como deve ser a pilcha da prenda 

 

Basicamente, há três tipos de pilchas: a pilcha para atividades artísticas e sociais; a pilcha campeira; e a pilcha para a prática de esportes. Por ser a forma mais comum e importante, o nosso foco será a pilcha para atividades artísticas e sociais. Os itens da pilcha feminina adulta são: saia e blusa ou bata, saia e casaquinho, vestido, bombachinha e meia e sapatos. 

 

A seguir, considerando as normativas do MTG, destacamos algumas das principais características a serem respeitadas pela prenda adulta ao escolher os itens mais importantes da pilcha. Vejamos: 

 

Saia e blusa ou bata / saia e casaquinho 

– A saia deve ser nos modelos godê ou meio-godê; a barra deve estar na altura do peito do pe. 

– A blusa ou bata deve ser de mangas longas, três quartos ou até o cotovelo. Evite o uso dos modelos “boca de sino” ou “morcego”. O decote deve ser pequeno e discreto, sem expor os ombros e os seios, podendo ter gola ou não. 

– O casaquinho deve ser de mangas longas; nada dos modelos “boca de sino” ou “morcego”. A gola deve ser pequena e abotoada na frente. 

– Se usar bordados e pinturas, opte pelos discretos. Evite enfeites dourados, prateados, com pinturas a óleo ou purpurinas. 

– As cores seguem a mesma instrução: que sejam discretas e harmoniosas. Assim, devem ser evitadas as berrantes e fosforescentes.  

 

Vestido 

–  O modelo do vestido deve obedecer às seguintes regras: deve ser inteiro e cortado na cintura ou de cadeirão, ou ainda corte princesa com barra da saia no peito do pé, com corte godê, meio-godê, franzido, pregueado, com ou sem babados. 

– As mangas devem ser longas, três quartos ou até o cotovelo, admitindo-se pequenos babados nos punhos. Mais uma vez, não usar mangas “boca de sino” ou “morcego”.  

– O decote deve ser pequeno e discreto, sem expor os ombros e os seios  

– Os enfeites permitidos são: de rendas, bordados, fitas, passa-fitas, gregas, viés, trancelim, crochê, nervuras, plisses e favos. A pintura miúda é também permitida, desde que com tintas para tecidos. A prenda deve evitar usar pérolas e pedrarias, bem como os dourados ou prateados e pintura a óleo ou purpurinas. 

– Na escolha do tecido, prefira os lisos ou aqueles com estampas miúdas e delicadas (flores listras, petit-poa e xadrez delicado e discreto). Podem ser usados tecidos de microfibra, crepes e oxford. Por outro lado, não serão encorajados os tecidos brilhosos, fosforescentes, transparentes, slinck, lurex, rendão e similares. 

As cores, como sempre devem ser discretas. Não se deve usar preto e devem-se também evitar as cores das bandeiras do Brasil e do Rio Grande. 

 

 Bombachinha 

– Deve ser de tecido branco, abaixo do joelho, com enfeites de rendas discretas. O comprimento deve ser sempre mais curto que o do vestido da prenda. 

 

Meias 

– Nas cores branca ou bege, apenas. O comprimento deve ser longo o suficiente de modo a não permitir a nudez das pernas 

 

Sapatos e botinhas 

– Nas cores preta, marrom e variantes e bege, com um salto de, no máximo, 5 centímetros. Prefira o modelo com tira sobre o peito do pé, que abotoe do lado de fora. 

– Não são encorajados os sapatos abertos e as sandálias. 

 

Com essas dicas, garantimos: toda prenda bravia vai fazer bonito! Por hoje, é tudo. Para acompanhar todos os nossos conteúdos e continuar a saber mais sobre a nossa cultura, assine a nossa Newsletter agora mesmo. Siga também as nossas redes sociais agora mesmo – estamos no Facebook e no Instagram. 

 

Equipe Mateando. 

A cultura gaúcha está espalhada por todo o Brasil e de modo algum se limita às plagas de um único estado. Em Rondônia, é comum ver famílias dos ditos pioneiros reunidas à volta de uma cuia aos fins de tarde; em São Paulo, as crianças têm aulas de rancheira, maçanico ou chimarrita como manda o Manual de Danças Gaúchas”; em Roraima, o CTG de Boa Vista é a maior associação civil do estado; em Floripa, 12% da população local é do Rio Grande do Sul.  

 

A verdade é que, mesmo com essa vocação migratória, os gaúchos são um povo que souberam como ninguém conservar e promover suas raízes e tradições. Nesse sentido, não há nada que se assemelhe em outros movimentos culturais brasileiros – basta pensarmos, por exemplo, que não existe um “Centro de Tradições Cariocas”.  

 

Esse apego às raízes revela-se desde as músicas e as danças até as vestimentas. Estas, por sua vez, refletem as necessidades, a cultura e o tipo de vida do povo gaúcho. Tanto assim é que os trajes tradicionais do Rio Grande são objeto de uma lei estadual, datada de janeiro de 1989, que oficializa como traje de honra e de uso preferencial nas terras rio-grandenses, para ambos os sexos, a indumentária denominada de “pilcha gaúcha” ou apenas “pilcha”. Será considerada digna desse nome somente aquela que, com autenticidade, reproduza com elegância, a sobriedade da indumentária histórica dos gaúchos, conforme os ditames do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Esse traje pode mesmo substituir o traje convencional em todos os atos oficiais, públicos ou privados, realizados no estado. 

 

No post de hoje prestamos uma homenagem à pilcha. Trazemos dicas imperdíveis para o pachola que não quer fazer feio e revisitamos as principais regras a serem respeitadas na escolha dos componentes dessa vestimenta. Continue a leitura e saiba mais! 

 

Primeiro, algumas dicas importantes 

Historicamente a indumentária gaúcha pode ser dividida em quatro fases: 

  • Chiripá primitivo (1730-1820) 
  • Braga (1730-1820) 
  • Chiripá farroupilha (1820-1865) 
  • Bombacha (1865 até dias atuais)  

 

Então, sabendo dessas fases, tenha cuidado com a chamada “mambiragem”. Ela acontece quando o pachola usa uma vestimenta desorientada temporalmente. Assim, um exemplo de mambiragem acontece quanto a parte de cima é de 1800 e a parte de baixo, de 1900; ou quando a bota é de 1800 e o pachola apresenta-se à moda de Braga, que não usava bota. A bombacha – outro exemplo – foi introduzida no Rio Grande somente em 1870; assim, se o gaúcho usa esse item, o resto do traje deve ser da mesma época. Por outras palavras, a pilcha deve ser coerente e coordenada. Para isso, é essencial saber o que se está vestindo e a história por detrás de cada peça. 

 

– Outras dicas muito importantes: é necessário pilchar-se conforme o bolso manda; pilchar-se conforme o clima manda; e pilchar-se conforme o ambiente ao qual se vai. O pachola deve vestir-se de acordo com as suas posses – se não pode adquirir peças tão caras, não é isso que irá tirar o brilho da pilcha. Arrumar-se conforme o clima é essencial. Em janeiro, no verão, não é necessário usar o paletó por cima do traje; no inverno, em julho, não use camisa curta. Do mesmo modo, é necessário ter atenção à adequação ao lugar onde se usa a pilcha. Por exemplo, uma pilcha campeira não deve ser usada em qualquer lugar. Para ir a um fandango ou ao CTG, prefira sempre a pilcha social.  

 

– Não dance de espora, nem mesmo usando como desculpa a ideia de que ela “faz barulho” e ajuda a alegrar na dança. Afinal de contas, a espora fica nos arreios depois do apeiro e não acompanha o pachola. 

 

Última dica: tire o chapéu dentro do CTG, principalmente na presença de prendas. 

 

Como deve ser a pilcha 

Basicamente, há três tipos de pilchas: a pilcha para atividades artísticas e sociais; a pilcha campeira; e a pilcha para a prática de esportes. 

 

Por ser a forma mais comum e importante, o nosso foco será a pilcha para atividades artísticas e sociais. Os itens dela são: bombacha, camisa, colete, bota, cinto, chapéu, paletó, lenço, faixa (opcional), pala (opcional) e faca (apenas para apresentações artísticas). 

 

A seguir, considerando as normativas do MTG, destacamos algumas das principais características a serem respeitadas ao escolher alguns dos itens mais importantes da pilcha. Vejamos: 

  

Bombacha

– As bombachas deverão estar sempre para dentro das botas. 

– Prefira as cores sóbrias ou neutras, como marrom, bege, cinza, azul-marinho, verde-escuro, branca. Fuja das cores agressivas, fosforescentes, contrastantes e cítricas, como vermelho, amarelo, laranja, verde-limão e cor-de-rosa. 

 – Os favos e enfeites de botões devem ser do tamanho daqueles utilizados nas camisas. Estão vedados os de metal. O uso desses itens depende da tradição regional.  

As bombachas podem ter, nos favos, letras, marcas e botões; os desenhos deverão ser idênticos em uma e outra pernas. 

 

Camisa 

– Evite o xadrez e os estampados. 

O tecido deve ser preferencialmente de algodão, tricoline, viscose, linho ou vigela, microfibra (não transparente) e Oxford. 

– Se usar um riscado, deve ser discreto.  

– A gola deve ser social, abotoada na frente, em toda a extensão, com punho ajustado com um ou mais botões. 

  

Botas 

– Devem ser de couro liso, nas cores preto, marrom (todos os tons) ou couro sem tingimento. Evite o branco. Bordados e palavras escritas também não são recomendáveis. 

Normalmente, o cano vai até o joelho. O solado deve ser de couro, podendo ter meia sola de borracha ou látex. A altura máxima deve ser de um centímetro. 

 

Cinto (ou guaiaca) 

– O material deve ser de couro, podendo ser na cor amarela. São admissíveis de uma a três guaiacas internas ou não. 

– As fivelas são apenas de uma ou duas frontais com, no mínimo, sete centímetros de largura. 

 – Evite o cinto com rastra – enfeite de metal com correntes na parte frontal 

 

Chapéu 

– As abas devem ser a partir de 6 cm. 

– A copa deve ser usada de acordo com as características regionais. 

– O barbicacho pode ser de couro ou crina, podendo ter algum enfeite de metal ou uma fivela para regulagem. 

– Não use boinas e bonés – apenas chapéu. A boina basca representa mais uma tradição da Argentina e, portanto, não é considerada parte da pilcha. 

 

Colete 

– Se usar paletó, o pachola poderá dispensar o colete. 

– O colete deve tradicional, sem mangas e sem gola, com uma única carreira de botões na frente, podendo ser usado abotoado ou não.  

– Atenção: o colete deve ser da mesma cor das bombachas, podendo ser tom sobre tom. 

– O tecido deve ter o mesmo padrão da bombacha. 

 

Lenço 

– As cores são vermelho, branco, azul, verde, amarelo, carijó, marrom e cinza. 

– No caso do uso com algum tipo de nó, a medida deve ser de 25 cm a partir desse adorno. Com o uso do passador de lenço, são 30 cm a partir dele. 

– Os passadores devem ser de metal, couro ou osso. 

 

Com essas dicas, garantimos: é impossível fazer feio! Por hoje é tudo, mas no próximo post será dedicado ao traje da prenda – você não pode perder! Então, não se esqueça: para acompanhar os todos conteúdos do nosso blog e não perder as novidades, é só assinar a nossa Newsletter agora mesmo. Siga também as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. 

  

Fontes e pesquisa: 

Maragato: A pilcha e seus significados. Acesso em: 19 mar. 2019 

Diretrizes para a pilcha gaúcha traje atual. Acesso em: 19 mar. 2019. 

 

Equipe Mateando 

Foto exclusiva de Fagner Almeida 

Matear, gervear, chimarrear, amarguear, verdear, apertar um mate ou simplesmente tomar um amargo. Se os limites da linguagem são os limites do nosso mundo, as inúmeras maneiras de se referir ao simples ato de apreciar um bom e velho chimarrão testemunham o amor infindo de um povo por uma bebida.  

Para um sulista, poucas memórias serão tão afetuosas quanto os momentos de convivência aos fins de tarde embalados pelas conversas à volta de uma boa cuia. Além disso, trata-se de uma bebida que faz bem à saúde; ela é rica em vitaminas e minerais, perfeita para acelerar o metabolismo e faz bem para o coração. 

 

No dia 24 de abril, comemora-se o Dia do Chimarrão. A data foi pensada como uma forma de celebrar este que é um dos mais emblemáticos símbolos da nossa cultura.  Na Mateando, prestamos a nossa homenagem ao chimarrão, mostrando sete diferentes maneiras de preparar a bebida – uma para cada dia da semana. Desafiamos você a provar cada uma delas e a redescobrir jeitos de preparar o amargo!  

 

Vamos lá! Você vai precisar de uma colher ou espátula, da cuia, da bomba, da erva-mate (comum e peneirada) e de água quente a 70 ºC. Há uma receita em que também precisará de um prego grande.  

 

Vejamos a seguir as sete maneiras. 

 

#1 Chimarrão tradicional – segunda-feira 

Modo de preparo: 

  1. Coloque uma colher de erva-mate no fundo da cuia, para dar sabor.
  2. Adicione água quente (a aproximadamente 70ºC) até o pescoço da cuia.
  3. Coloque a bomba dentro da cuia e posicione.
  4. Cubra a cuia com 2/3 de erva-mate.
  5. Espere 5 minutos antes de beber para dar tempo de a erva inchar. Temos aí o chimarrão tradicional.

 

#2 Chimarrão invertido – terça-feira 

Modo de preparo: 

  1. Coloque uma colher de erva-mate no fundo da cuia, para dar sabor.
  2. Adicione água quente (a aproximadamente 70ºC) até o pescoço da cuia.
  3. Coloque a bomba dentro da cuia e posicione.
  4. Cubra toda a abertura da cuia com erva-mate.
  5. Com auxílio de uma colher, empurre a erva-mate, pressionando suavemente.
  6. Do lado oposto da bomba, puxe a erva em direção ao centro, criando um espaço.
  7. Umedeça essa abertura e empurre a erva para dentro, até alcançar a água no fundo da cuia. 
  8. Ajeite a erva-mate e pronto – é só saborear

 

#3 Chimarrão tapado – quarta-feira 

Modo de preparo: 

  1. Coloque uma colher de erva-mate no fundo da cuia.
  2. Adicione água quente até o pescoço da cuia.
  3. Coloque a bomba dentro da cuia e posicione-a.
  4. Cubra toda a abertura da cuia com a erva-mate.
  5. Com o auxílio de uma colher, firme a erva-mate sobre a água, pressionando suavemente.
  6. Faça um movimento circular com a bomba e umedeça a erva, estruturando a abertura para servir o mate. Pronto! Agora é só saborear.

 

#4 Chimarrão dos namorados – quinta-feira 

Modo de preparo: 

  1. Coloque uma colher de erva-mate no fundo da cuia.
  2. Adicione água quente até o pescoço.
  3. Coloque as duas bombas dentro da cuia e posicione-as uma de frente para a outra.
  4. Cubra toda a abertura da cuia com erva-mate.
  5. Com o auxílio de uma colher, pressione a erva-mate sobre a água, pressionando suavemente.
  6. No centro da cuia, entre as duas bombas, faça uma marca na erva-mate com aproximadamente 1 cm de largura e 1 cm de profundidade.
  7. Umedeça essa abertura com algumas gotas de água e empurre a erva para dentro, até alcançar a água no fundo da cuia.
  8. Pronto! É só saborear.

  

#5 Chimarrão apaixonado – sexta-feira 

Modo de preparo: 

  1. Coloque uma colher de erva-mate no fundo da cuia.
  2. Adicione água quente até o pescoço.
  3. Coloque a bomba dentro da cuia, posicionando-a.
  4. Cubra toda a abertura da cuia com erva-mate.
  5. Com auxílio de uma colher, afirme a erva-mate sobre a água, pressionando suavemente até emparelhar com as bordas da cuia.
  6. Cubra com o pó de erva-mate peneirada e alise a parte superior.
  7. Com auxílio de uma colher, desenhe um coração na superfície da erva.
  8. Coloque o pó da erva-mate peneirada dentro desse desenho e vá modelando o coração.
  9. Ao lado da bomba, faça uma marca na erva-mate com aproximadamente 1 cm de largura x 1 cm de profundidade.
  10. Umedeça essa abertura com algumas gotas de água e empurre a erva para dentro até alcançar a água no fundo da cuia. 
  11. Peneire com um pouco de pó de erva-mate ao redor do coração. Pronto: temos aí um mate apaixonado!

  

#6 Chimarrão do prego – sábado 

Modo de preparo: 

  1. Coloque uma colher de erva-mate no fundo da cuia.
  2. Adicione água quente até o pescoço.
  3. Coloque a bomba dentro da cuia, posicionando-a.
  4. Cubra toda a abertura da cuia com erva-mate.
  5. Com auxílio de uma colher, pressione a erva-mate sobre a água, pressionando suavemente.
  6. Perto da borda da cuia, do lado oposto à bomba, faça uma marca na erva-mate com aproximadamente 1 cm de largura x 1 cm de profundidade.
  7. Umedeça essa abertura com algumas gotas de água e empurre a erva para dentro, até alcançar a água no fundo da cuia. 
  8. Coloque um prego (grande) como decoração. Quando alguém perguntar “Pra que o prego, hein?”, responda: “Mexa no prego, mas não mexa na bomba!”. Pronto, temos aí o mate do prego!

                                                             

#7 Chimarrão formigueiro – domingo 

Modo de Preparo: 

  1. Coloque uma colher de erva-mate no fundo da cuia.
  2. Adicione água quente até o pescoço.
  3. Coloque a bomba dentro da cuia, posicionando-a.
  4. Cubra toda a abertura da cuia com erva-mate.
  5. Com auxílio de uma colher, pressione a erva-mate sobre a água, pressionando suavemente.
  6. No centro da cuia, faça uma marca na erva-mate com aproximadamente 1 cm de largura x 1 cm de profundidade.
  7. Umedeça essa abertura com algumas gotas de água e empurre a erva para dentro, até alcançar a água no fundo da cuia. 
  8. Utilize um pouco mais de erva-mate para modelar uma espécie de formigueiro”, no tamanho que desejar. Está pronto o último tipo de chimarrão da semana!

  

Por hoje, é tudo. Gostou das nossas dicas? Então não se esqueça: para acompanhar os todos conteúdos do nosso blog e não perder as novidades, é só assinar a nossa Newsletter agora mesmo. Siga também as nossas redes sociais – estamos no Facebook e no Instagram. 

 

Equipe Mateando 

Foto exclusiva de Fagner Almeida 

O ritual da partilha é uma manifestação universal do ser humano, presente em diversas ocasiões e culturas. Seja ao dividir uma refeição ou ao ouvir o desabafo de um amigo, o ato de partilhar, firma um sentimento de comunhão e pertencimento entre as partes, como gesto próprio do afeto desinteressado. 

Para muitos sulistas, o chimarrão é essencialmente isso: um ritual de partilha. Sentar na frente de casa, ao fim de um dia cansativo de trabalho, reunindo a família à volta de uma cuia de chimarrão e de uma boa conversa – são quiçá poucos os que, no Sul, não guardam boas lembranças dessas ocasiões na memória. Se pensarmos que o chimarrão é apreciado não somente nos estados sulistas, mas também em outras regiões do país, como a Sudeste, a Centro-Oeste e até mesmo a Norte, podemos afirmar que esta é uma das bebidas mais democráticas e emblemáticas do nosso país.   

Não espanta que, com toda essa popularidade, o mate amargo esteja envolvo em uma miríade de lendas populares que foram passadas de geração em geração. Você sabia que na capital do estado de Rondônia, Porto Velho, há um bairro chamado Caiari”, nome que tem tudo a ver com a lenda da erva-mate? O post de hoje é precisamente dedicado a uma das mais curiosas histórias à volta do chimarrão. Continue a leitura e saiba mais em seguida! 

 

A lenda da ervamate   

Como surgiu a ervamate?   

Há muitos e muitos anos, uma tribo guarani procurava um novo lugar para assentar – um lugar onde a caça fosse farta e a terra, fértil.  Aos poucos, eles foram migrando, sem reparar que um dos anciães da tribo dormia tapado por couros em uma cabana. Quando esse velho acordou, ele se viu só, sem ninguém para cuidar dele. O velho então se levanta e põe-se a caminhar. Então, dá de caras com uma bela e jovem índia. Era Yari, sua filha mais nova, que não teve coragem de abandonar seu pai. Ficaram, então, os dois morando ali, pois o velho era de compleição demasiado frágil para uma viagem longa. 

Numa tarde de inverno, o velho, entretido no mato colhendo algumas frutas, assustou-se ao ver a folhagem próxima em movimento. Pensou que se tratava de uma onça, mas eis que surge um homem branco muito forte, vestido com roupas coloridas. 

O homem então se aproximou e disse: 

Venho de muito longe e há dias ando sem parar. Estou cansado e queria repousar um pouco. Poderia, por favor, arranjar-me uma rede e algo para comer? 

Sem hesitar, o velho índio aquiesceu, mesmo tendo comida escassa para ele e para a filha.  

Quando chegaram à cabana, o visitante foi apresentado a Yari. Ela, então, acendeu o fogo e preparou algo para o homem comer. Depois de jantarem, foram todos dormir. 

Ao amanhecer, viram que o homem branco havia caçado em agradecimento por toda a hospitalidade. 

Vocês merecem muito mais!, afirmou o homem. Tupã está preocupado com a saúde de vocês e por isto me enviou. Em gratidão por tanta bondade, eu vos concedo um presente. 

O estranho mostrou ao velho uma erva e explicou: 

Esta é a erva-mate. Plante-a e deixe que ela cresça, faça-a multiplicar-se. Você deve arrancar-lhe as folhas, fervê-las e tomar como chá. Suas forças se renovarão e você poderá voltar a caçar e fazer o que quiser.   

Em seguida, dirigindo-se a Yari, disse: 

Por ser tão boa filha, a partir deste momento você passará a ser conhecida como Caá-Yari, a deusa protetora dos ervais. Cuidará para que o mate jamais deixe de existir e fará com que os outros o conheçam e bebam a fim de serem fortes e felizes. 

Muitos anos se passaram, até que, em uma tribo próxima dali, após uma celebração regada a bebida alcoólica, dois jovens índios a começaram a discutir e a brigar. Eram Piraúna e Jaguaretê. No furor da briga, Jaguaretê empunha um tacape e mata Piraúna, ao que é então detido e amarrado ao poste das torturas. Pelas leis da tribo, os parentes do morto poderiam executar o assassino. Trouxeram imediatamente o pai de Piraúna para que ordenasse a execução. Contudo, o velho, em um ato de clemência, resolve poupar Jaguaretê, apenas expulsando-o da tribo e jogando-os nos braços de Anhangá, o espírito mau da mata.  

Passadas muitas décadas, alguns índios daquela mesma tribo aventuravam-se na mata fechada em busca de caça. Eis que encontram uma cabana e, aproximando-se com cuidado, encontram um homem muito forte e sorridente. Muito embora seus cabelos estivessem totalmente brancos, sua fisionomia era de um jovem. O homem ofereceu-lhes, então, uma bebida desconhecida e identificou-se então como sendo Jaguaretê. Era o membro expulso da tribo e a bebida era o mate.   

O homem contou que, quando fora abandonado à sua sorte na mata, muito vagou; exausto e cheio de remorso, a certa altura jogou-se ao chão e pediu para morrer. Acordou apenas com a visão de uma índia de rara beleza que, se apiedando dele, lhe disse: 

Meu nome é Caá-Yari e sou a deusa das ervas. Tenho pena de você, pois está fraco e debilitado. Eis aqui está bebida, que o deixará forte e ajudará na sua recuperação.  

Ele levantou-se e foi levado até uma estranha planta. 

Esta é a erva-mate, disse Yari. Cultive-a e a faça multiplicar. Depois prepare uma infusão com suas folhas e beba o chá. Seu corpo permanecerá forte e sua mente clara por muitos anos. Não deixe de transmitir a quem encontrar o que aprendeu sobre mate. 

Jaguaretê ofereceu a erva aos seus outrora companheiros de tribos.  Esses índios voltaram e contaram aos outros o que haviam ouvido. Toda a tribo adotou o costume de beber da verde erva, amarga e gostosa, que dava força e possibilitava o convívio amigo, transformando mesmo as horas mais tristonhas e solitárias. O mate foi plantado e multiplicou-se; a tradição foi se espalhando e o uso chegou até nós. 

 

O nome do bairro portovelhense que citamos no início, Caiari, resulta do aportuguesamento de Caá-Yaríi”, a deusa da erva mate.  Conhecer lendas como esta que acabamos de apresentar é tomar conhecimento de parte da nossa cultura e da nossa história, como forma de um testemunho vivo do encanto que o chimarrão causa em todo um povo.  

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Equipe Mateando 

Foto exclusiva de Fagner Almeida